O universo geek acaba de ganhar mais um vício. Utopia, nova série britânica, mostrou em seu episódio piloto que promete muito.Fotografia exemplar, graphic novel, um milhão de referências nerds: me conquistou. Tudo começa graças a uma graphic novel chamada Utopia, que foi escrita em circunstâncias bem específicas e que chama atenção dos cinco protagonistas da série, que, em um fórum, decidem se encontrar. Mas, a descoberta da parte 2 dessa história guarda muita coisa por trás, conspiração, tortura e uma tal de Jessica Hyde.
O episódio é marcado por uma qualidade de roteiro e direção de arte incríveis. O início da história pode ser compreendido como um mundo geek normal, onde pessoas "esquisitas" se juntam em fóruns por uma afinidade em comum. A cena inicial, com os dois vilões entrando na loja de quadrinhos é ótima. Aliás, toda fotografia do episódio merece parabéns. Ao usarem cores fortes em todos os ambientes, detalhes e um enquadramento de câmera que permite captar não só o personagem mas tudo isso ao seu redor, conseguiram criar uma situação bastante HQ, dando para a série já no primeiro episódio características visuais próprias. Isso sem dúvida é algo que todo nerd fã de história em quadrinho deseja para uma série- criação de um universo, ambientação e história. Um mundo paralelo, uma utopia.
Um acontecimento que vale ser comentado, é a questão da criação de doenças. O governo por trás desse tipo de coisa é um dos assuntos mais polêmicos e passíveis de teorias, que enche a cabeça das pessoas (isso desde os primórdios com Arquivo X). Um exemplo bastante caricato é o Wilson Wilson(meu personagem favorito, principalmente por ter aquele pôster usado o tempo todo em Arquivo X no quarto dele), que vive em função dessas paranoias.
A cena de tortura foi muito bem elaborada, principalmente por possuir maior apelo visual do que emocional. Eu não consegui me colocar em seu papel e sofrer com a pimenta nos olhos, mas fiquei fascinada pela cena como um todo. Não sei se essa falta de identificação com os personagens em detrimento da construção estética será uma característica só no primeiro episódio ou se será a tônica da série, mas creio que isso pode afastar alguns espectadores, que têm esse hábito de precisar se identificar(herança dos dramas americanos).
O Grant, nosso querido Run Forrest Run, provavelmente será quem salvará a edição do graphic novel dos malvados(isso considerando um desfecho perfeito pra série, coisa que eu duvido que vá acontecer). Já Becky(apesar de ser bastante inteligente) e Ian são fracos na minha opinião, não cativaram. Provavelmente porque ainda não estão plenamente envolvidos, como o garotinho gatuno e o Wilson-das-teorias-conspiratórias.
Mesmo tendo 1 hora de episódio, não conseguiu ser cansativo, teve dinamismo, a troca de cores dos cenários foi importante para a ambientação e o suspense está bem lançado.Mas, como já foi dito, acho que esse apelo total geek pode afastar outros tipos de fãs, que podem não se sentir cativados pelos dramas peculiares dos personagens. Porém, eu considero que, diferente das séries americanas que precisam de 3 episódios para lançar o interesse, "Utopia" conseguiu já no primeiro, apresentar seus personagens, ambientação e preparar o espectador para a trama. Estou muito ansioso pelo próximo e para saber o que essa Jessica Hyde aí tem de bom para falar.
Vamos aguardar!
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